- Introdução
A instalação elétrica é uma das etapas mais delicadas em qualquer obra e merece atenção especial, tendo em vista que, o choque elétrico é uma das principais causas de acidentes graves e fatais em ambientes que estejam energizados. Por isso, a falta de conhecimento coloca em risco não só quem trabalha durante e execução da obra, mas compromete os futuros funcionários que irão lidar com toda a instalação elétrica.
O contato com a eletricidade, quando não temos conhecimento de seus princípios e seus riscos, pode causar desde queimaduras até a morte, sem contar com risco de incêndio. Portanto, é necessário o máximo de cuidado no manuseio de energia elétrica.
O corpo humano, embora não seja um excelente condutor de eletricidade, apresenta características de condutor. Quando uma corrente elétrica passa através do corpo, provoca efeitos que chamamos de “choque elétrico”. A intensidade do mesmo terá uma gravidade que depende da intensidade da corrente, tempo de exposição da pessoa à corrente, frequência da corrente, percurso da corrente no corpo e da sensibilidade individual. De 1 a 3 mA, o efeito é de percepção tendo como causa formigamento; 10 mA tetanização, a causa corresponde a contrações musculares com agarramento ou repulsão; 60 a 75 mA, a corrente atravessa o coração.
- Generalidades
A Norma Regulamentadora nº 10 (NR 10) – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade, originalmente editada pela Portaria MTb nº 3214 de 22/12/1977, foi caracterizada como Norma Especial pela Portaria SIT nº 787 de 28/11/2018, tendo passado por quatro processos revisionais, sendo o último processo dado pela Portaria SPRT nº 915 de 30/07/2019. A Norma fixa os requisitos e condições mínimas, necessárias ao processo de transformação das condições e trabalhos com energia elétrica, de forma a torná-las mais seguras e salubres.
A NR 10 estabelece que as empresas estão obrigadas a manter diagramas unifilares de suas instalações elétricas atualizados com especificações dos demais equipamentos e dispositivos de proteção. Essa condição é obrigatória aos condomínios residenciais, pois estes, correspondem a uma empresa.
A norma NBR 5410, da Associação Brasileira de Normas Técnicas, estabelece as condições a que devem satisfazer as instalações elétricas de baixa tensão, a fim de garantir a segurança de pessoas e animais, o funcionamento adequado da instalação e a conservação dos bens. O item 6.1.5 desta Norma estabelece as condições para identificação dos componentes de qualquer instalação.
- Documentação e identificação de componentes
Dentre as diversas empresas existentes na categoria comercial e residencial, quanto às suas instalações elétricas, sabe-se que estabelecimentos comerciais de pequeno porte e muitos condomínios residenciais raramente possuem a mais elementar documentação, diagramas unifilares e, quando as possuem, nem sempre as têm atualizadas. Essa situação impede ou dificulta o acesso e a imprescindível consulta pelos trabalhadores para avaliar suas características, sua adequação ou seu funcionamento, ou, ainda, para realizar reparos e atualizações. Essas condições levam a incertezas e às mais variadas surpresas que, invariavelmente, conduzem a eventos indesejáveis quando da realização de serviços.
Os diagramas unifilares correspondem à representação gráfica dos componentes elétricos e as suas relações funcionais contendo os dispositivos de manobra, comando e/ou proteção com os respectivos condutores que irão alimentar a(s) carga(s) que compõem o circuito elétrico.
Figura 1 – Diagrama unifilar da instalação – parcial.
Os dispositivos que aparecem nos diagramas devem ser identificados por símbolo literal numérico. No diagrama deve ser identificado também o valor da tensão e frequência elétrica, o número de fases, neutro e proteção na entrada de energia e na sua distribuição. A cada circuito de saída para distribuição deve ser também identificado por símbolo literal numérico ou somente numérico.
O(s) quadro(s) elétrico(s) que compõe(m) a instalação deve(m) ter seus componentes internos identificados igualmente à identificação do diagrama unifilar correspondente.
A NBR 5410 recomenda o uso de placas, etiquetas e outros meios adequados de identificação que devem permitir e identificar a finalidade dos dispositivos de comando, manobra e/ou proteção.
Assim, o disjuntor geral de entrada de energia elétrica de um quadro de distribuição é identificado no diagrama por DG-1. No quadro, ele pode ser identificado por uma etiqueta com o símbolo DG-1 e uma plaqueta com a descrição “Disjuntor Geral “. A mesma situação deve ser feita para os disjuntores de saída, utilizando-se a plaqueta para identificar o número do circuito e a descrição da carga que compõe o circuito.
A NBR 5410 estabelece que “se a atuação de um dispositivo de comando, manobra e/ou proteção não puder ser observada pelo operador e disso puder resultar perigo, deve ser provida alguma sinalização à vista do operador”.
É muito comum, nas instalações elétricas prediais de condomínios, os sistemas de força motriz, tais como, conjuntos motor-bomba, motor-exaustor, motor- elevador, quando da existência de um quadro elétrico exclusivo, este ficar próximo da carga e em local fechado. Nessa condição, como o operador é representado pelo administrador, para que ele tenha a sinalização visual seria necessário que em local da portaria fosse colocado um quadro geral de sinalização.
Sempre que forem previstas situações de perigo em que se faça necessário desenergizar um circuito, devem ser providos dispositivos de desligamento de emergência, facilmente identificáveis e rapidamente manobráveis.
Devem ser previstas medidas adequadas para impedir a energização inadvertida de qualquer equipamento.
Dentre aquelas normatizadas pode ser utilizada a fixação de placas de advertência.
Figura 2 – Placa de identificação e meio de travamento de dispositivo
A identificação dos condutores elétricos que compõem o diagrama unifilar, juntamente com o quadro elétrico onde serão instalados, devem seguir a recomendação da NBR 5410, de modo a permitir sua identificação quando da realização de verificações, ensaios, reparos ou modificações na instalação.
Qualquer condutor isolado, cabo unipolar ou veia de cabo multipolar utilizado como condutor neutro deve ser identificado conforme essa função. Em caso de identificação por cor, deve ser usada a cor azul-claro na isolação do condutor isolado ou da veia do cabo multipolar, ou na cobertura do cabo unipolar.
A veia com isolação azul-claro de um cabo multipolar pode ser usada para outras funções, que não a de condutor neutro, se o circuito não possuir condutor neutro ou se o cabo possuir um condutor periférico utilizado como neutro.
Qualquer condutor isolado, cabo unipolar ou veia de cabo multipolar utilizado como condutor de proteção (PE) deve ser identificado de acordo com essa função. Em caso de identificação por cor, deve ser usada a dupla coloração verde-amarela ou a cor verde (cores exclusivas da função de proteção), na isolação do condutor isolado ou da veia do cabo multipolar, ou na cobertura do cabo unipolar.
Figura 3 – Identificação por cor dos condutores – proteção-neutro – fase
Qualquer condutor isolado, cabo unipolar ou veia de cabo multipolar utilizado como condutor PEN deve ser identificado de acordo com essa função. Em caso de identificação por cor, deve ser usada a cor azul-claro, com anilhas verde-amarelo nos pontos visíveis ou acessíveis, na isolação do condutor isolado ou da veia do cabo multipolar, ou na cobertura do cabo unipolar.
Qualquer condutor isolado, cabo unipolar ou veia de cabo multipolar, utilizado como condutor de fase, deve ser identificado de acordo com essa função. Em caso de identificação por cor, pode ser usada qualquer cor, observadas as restrições estabelecidas anteriormente.
O uso de anilhas nos condutores irá identificar a numeração do circuito estabelecida no diagrama, permitindo a verificação correta do circuito, que sai do quadro elétrico e chega a carga.
Figura 4 – Anilhas de identificação do número de circuito em condutor.
Todos os componentes de uma instalação elétrica devem ser identificados, de tal forma que a correspondência entre componente e respectivo circuito possa ser prontamente reconhecida, assim como, a atualização do diagrama unifilar da instalação.
- Conclusões
Como muitas das instalações elétricas não apresentam essas características, principalmente nas edificações comerciais e condomínios residenciais, cabe ao profissional que for atender a uma solicitação de manutenção e/ou reparo orientar por relatório ao responsável pela instalação, descrevendo as devidas recomendações estabelecidas nas normas. Igual situação deve ser adotada por aquele profissional que venha a elaborar o laudo de vistoria predial de acordo com a Lei nº 6400 de 05/03/2013, orientando o responsável pela instalação.
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