Uma luz sobre a equidade de gênero na área tecnológica
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Ao celebrarmos os 90 anos do voto feminino no Brasil, no 24 de fevereiro de 2022, o Sistema Confea/Crea atingiu a marca de 200 mil profissionais mulheres inscritas, incluindo engenheiras, agrônomas, geólogas, geógrafas e meteorologistas.
Apesar do marco histórico, este número representa 20% do total de 1 milhão de profissionais registrados no Sistema. Ou seja, a grande maioria dos profissionais da Engenharia, Agronomia e Geociências ainda é formada por homens.
Esta não é uma realidade apenas do Brasil. Segundo o Relatório “Mulheres, Empresas e o Direito 2022” do Banco Mundial, divulgado no início de março, cerca de 2,4 bilhões de mulheres têm menos oportunidades e direitos econômicos que homens em todo o mundo.
O estudo analisa leis e regulamentos de 190 países com base em oito indicadores que impactam a participação econômica das mulheres: Mobilidade, Trabalho, Remuneração, Casamento, Parentalidade, Empreendedorismo, Ativos e Pensão.
Segundo o relatório, 178 países (93,6%) mantêm barreiras legais que impedem a participação econômica plena das mulheres; 95 países (50%) não garantem a remuneração igualitária para trabalhos de igual valor; 86 países (45%) têm restrição ao mercado de trabalho.
Doze países, todos integrantes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), têm condições iguais para homens e mulheres em todas as áreas, tais como Bélgica, França, Portugal, Espanha e Suécia.
Europa e Ásia Central ocupam a segunda posição com a pontuação mais alta. A América Latina e Caribe ficaram com a terceira posição, com destaque para o Peru e Paraguai. O Brasil e a Venezuela têm nota 85 de 100 no índice do Banco Mundial, atrás de outros 11 países da região. Entre as áreas que o Brasil precisa melhorar estão: remuneração, cuidados parentais, pensão e aposentadoria.
O caminho é longo e árduo, mas percebem-se se avanços nas áreas da Engenharia, Agronomia e Geociências. Em 2019, apenas 12% de mulheres compunham o plenário dos 27 Creas em todo território nacional. A partir do resultado das eleições de 2020, esse percentual subiu para 14%.
Acredita-se que já seja reflexo do Programa Mulher, lançado em 2019, e que tem por objetivo fomentar a elaboração de políticas de equidade de gênero que consigam mobilizar as profissionais dentro das diversas entidades de classe, de ensino e Conselhos Regionais, com o objetivo de ampliar a participação feminina no Sistema.
A necessidade de reestruturação do cenário tecnológico brasileiro é um fato. No Programa Mulher, o tema Equidade de Gênero tem sido uma das pautas prioritárias e tem reafirmado constantemente a importância do protagonismo da mulher enquanto profissional da área tecnológica.
Como diretrizes principais estão o Plano Nacional de Política para Mulheres do Governo Federal e acordos internacionais, como a Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres (CEDAW), a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, o Marco de Parceria para o Desenvolvimento Sustentável 2017-2021 e a Constituição Brasileira.
O Programa Mulher está comprometido com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU, em especial o nº 05 – Equidade de Gênero, uma vez que busca estimular o protagonismo das mulheres na construção de uma sociedade e de um Sistema Confea/Crea cada vez mais justo, igualitário e democrático.
Conforme descrito na Cartilha do Programa Mulher, a igualdade de gênero não é apenas um direito humano fundamental, mas a base necessária para a construção de um mundo pacífico, próspero e sustentável. O esforço de alcance do ODS 5 é transversal à toda Agenda 2030 e reflete a crescente evidência de que a igualdade de gênero tem efeitos multiplicadores no desenvolvimento sustentável.
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável visam intensificar essas realizações, não apenas nas áreas de saúde, educação e trabalho, mas especialmente no combate às discriminações e violências baseadas no gênero e na promoção do empoderamento de mulheres e meninas para que possam atuar enfaticamente, por meio da participação na política, na economia, e em diversas áreas de tomada de decisão.
O Crea-RJ, há quase 30 anos, atua para dinamizar as políticas afirmativas de Gênero e Raça e minimizar as diferenças sociais. Hoje, o Crea-RJ tem 45% dos cargos de direção e chefia ocupados por mulheres e já foi agraciado com três prêmios “Selo Pró-Equidade de Gênero e Raça” da extinta Secretaria de Políticas das Mulheres na terceira, quarta e quinta edições da premiação, sendo este descontinuado após a sexta edição.
Para o futuro, o Programa Mulher Crea-RJ prevê:
– a continuidade das ações afirmativas internas junto às funcionárias;
– a retomada do Projeto Engenheiras do Futuro – realizado em parceria com o Conselho Estadual de Direitos da Mulher (Cedim) e a Ong Engenheiras Sem Fronteiras – que foi interrompido devido à pandemia de Covid 19 e que valoriza a área tecnológica junto às estudantes;
– a interiorização do Programa Mulher Crea-RJ com a implantação de núcleos regionais que irão congregar mais de 100 profissionais e estudantes do Sistema como dinamizadoras;
– o foco especial à caracterização das atividades profissionais e à pesquisa sobre desafios e perspectivas do mercado de trabalho para as engenheiras, agrônomas, geólogas, geógrafas, cartógrafas e meteorologistas no Rio de Janeiro.
– A elaboração do Programa Mulher conta com a colaboração e a participação de membros da sociedade civil, profissionais ligados às áreas da Engenharia, Agronomia e Geociências, presidentes de Creas e entidades de classe, instituições de ensino, sindicatos e diversas lideranças do Sistema Confea/Crea.
No Dia Internacional da Mulher 2022, reforçamos o nosso lema: Lugar de mulher é onde ela quiser. Na Engenharia, na Agronomia e nas Geociências elas são muito bem-vindas!
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