O termo gestão é um desses que está na moda. Antes restrito aos administradores, ganhou espaço nos debates políticos e no meio profissional, com a crescente competitividade e a famosa busca por reduzir custos e aumentar a produtividade.

Ao contrário do que muitos pensam, porém, para começar a implantar a Gestão Energética não são necessários conhecimentos técnicos em eletricidade.

O fornecimento de energia para uma empresa é feito pela concessionária distribuidora, que envia uma fatura, popularmente conhecida como “conta de luz”. Em muitos casos, a conta vai para um setor da empresa (ou secretaria no caso do serviço público), mas é pago por outro. E nessa burocracia acaba-se perdendo a data do vencimento e gerando juros na próxima fatura. Outro incidente muito comum é o esquecimento de desligar equipamentos ao final do expediente.

A figura a seguir é a chamada Curva de Carga, que mostra a variação no uso da energia ao longo de um período. As linhas coloridas mostram essa variação em cada uma das três fases e a linha preta é o somatório. Note que há quatro blocos semelhantes, bem definidos, que mostram as variações ao longo de quatro dias da produção de uma indústria. No meio desses blocos está o horário do almoço, em que há uma pequena queda do consumo e entre os blocos está o período noturno. Na última noite da medição, o setor administrativo esqueceu de desligar o ar condicionado, que ficou ligado até o dia seguinte. Esse exemplo real, ocorrido em uma empresa privada, não é incomum e muitas vezes torna-se a causa de incêndios.

 

Por meio da termografia – espécie de foto com a captação de radiação infravermelha, em que as cores mais claras representam partes com maior aquecimento na instalação elétrica – descobri, durante a realização de um diagnóstico energético, uma fuga de corrente de 40 Ampéres do barramento de uma subestação de energia, numa indústria metalúrgica, que fluía pelo aterramento de um dos quadros metálicos. Essa corrente é equivalente a um chuveiro elétrico residencial sendo desperdiçado continuamente, além de ser um iminente risco de choque elétrico para o profissional que encostasse na caixa metálica. Se a manutenção anual dessa subestação estivesse em dia, esse problema não existiria.

 

Completando essa série de exemplos que mostram que a implantação da Gestão Energética não requer conhecimento técnico da área elétrica, mostro a análise das contas de energia.

Apenas com conhecimento básico de planilha eletrônica e as 24 últimas contas de energia é possível fazer um gráfico comparativo do consumo.

Aqui é fundamental que seja utilizada a quantidade de kWh de cada mês (consumo faturado), que vem no descritivo, no meio da conta.

Não devem ser utilizados os valores financeiros, em reais, pois estes são afetados por aumento da tarifa e outros tributos (no caso do valor total da conta).

Fazemos então a comparação entre os mesmos meses de um ano para outro. Caso haja variação significativa, deve-se buscar, primeiramente, se houve acréscimos de equipamentos (uma nova área climatizada, por exemplo) ou novas máquinas ou ainda o aumento da produção. Se nada disso ocorreu e, principalmente, se está havendo uma tendência de aumento ao longo dos meses deve-se partir para uma revisão das instalações elétricas.

Com treinamento do pessoal envolvido, programa de conscientização e até mesmo estabelecimento de metas de redução de desperdícios, com incentivos para os setores e/ou funcionários em destaque, a empresa começará a criar uma cultura de Gestão Energética na unidade consumidora, com resultados expressivos.