Comissão Editorial do Crea-RJ e seu papel no apoio ao desenvolvimento tecnológico dos profissionais
A Ângulos tem como objetivo divulgar a produção e levar conhecimento sobre as questões mais relevantes que norteiam o desenvolvimento ...
A meteorologista Ana Cristina Palmeira fala sobre a importância de sua profissão em uma entrevista Direto ao Ponto:
1) Qual é o papel do meteorologista operacional na emissão de alertas prévios e como essas informações contribuem para a ação antecipada em situações de condições meteorológicas extremas?
O Meteorologista Operacional é o único profissional apto a prever os eventos com antecedência, e desta forma, em conjunto com os demais profissionais (geólogos, geógrafos, engenheiros, oceanógrafos etc.) chegar a um consenso ambiental para alertar a população. Vale ressaltar que chuvas e ventos, por si só, não são condições de alerta, pois dependem de fatores interdisciplinares para as avaliações, como tipo de terreno, ocupação irregular etc.
2) Como esse profissional lida com a pressão de fornecer informações meteorológicas precisas em tempo real, a fim de facilitar ações antecipadas durante eventos climáticos adversos?
O avanço das tecnologias e o aprendizado contínuo contribuem para a melhoria dessa segurança profissional. Da mesma forma que, só se aprende fazendo, quanto mais tempo em atividade, melhor é o desempenho do meteorologista. A observação de fenômenos é fundamental para o amadurecimento técnico e o conhecimento das áreas a serem alertadas, pois cada localidade tem o seu padrão peculiar.
3) Pode compartilhar um exemplo de sucesso em que a previsão e a emissão de alertas antecipados tenham levado a ações eficazes por parte da comunidade ou das autoridades durante um evento climático crítico?
O nowcasting é uma ciência relativamente nova e informações relevantes para sua eficácia ainda estão sendo estudadas de maneira minuciosa, como por exemplo, os processos no interior das nuvens e a microfísica das nuvens, os quais definem a severidade do sistema (ainda não existem medidas diretas desses parâmetros). Além disso, os modelos numéricos não têm significativa destreza para prever em curtíssimo prazo, uma vez que isso depende das análises (assimilação de dados) provenientes de dados de radar e satélite, entre outros, ainda pouco evoluídos para esse fim. Contudo, metodologias e ferramentas capazes de auxiliar os especialistas na tomada de decisões vêm sendo desenvolvidas ao longo dos últimos anos. Na previsão imediata, os meteorologistas fazem uso de algoritmos e modelos que os orientam, provendo estimativas e previsões diante de tempestades severas ou condições favoráveis para as mesmas.
4) Como funciona a colaboração com agências de gestão de desastres e outras partes interessadas para garantir que as informações meteorológicas sejam usadas de forma eficaz na tomada de decisões e ação antecipada?
As informações precisam ser passadas de forma clara à população e por isso, deve ser centralizada pelos órgãos que emitem os alertas. É confuso quando qualquer profissional gera pânico pelas redes, sem o devido cuidado e ação.
Na verdade o meteorologista não dá alerta, ele apenas avisa. Quem passa alerta à população são os gestores das defesas civis. As confusões sobre isso geram descrédito e desserviço. É preciso melhorar as fiscalizações e as autuações para minimizar essas ocorrências.
Ainda é preciso que algumas agências amadureçam e conheçam as legislações, tanto das próprias defesas civis como da Lei Profissional. Digo isso porque o exercício ilegal da profissão de meteorologista muitas vezes não é verificado, quando não se tem o devido profissional ocupando as suas funções. Não se trata de um favor e sim de uma obrigação, do cumprimento da Lei Federal. Claro que uma equipe heterogênea de profissionais, como é o caso das defesas civis, trabalhando colaborativamente durante muitos anos, torna o preparo do grupo mais afiado, mais eficaz. Entretanto, os profissionais de outras graduações não devem exercer atividades que não são da sua competência profissional, como a previsão de tempo, que é estritamente do meteorologista.
O ideal é que cada município tenha a sua própria equipe de meteorologistas.
5) Em sua opinião, como a tecnologia e as ferramentas de previsão meteorológica evoluíram ao longo dos anos e como isso afetou a capacidade de emitir alertas prévios e promover a ação antecipada em resposta a eventos climáticos extremos?
Sem dúvida, as implementações de radares meteorológicos e o aumento da rede de estações meteorológicas, contribuíram apara a melhoria das observações, conhecimento e previsão. Mas ainda está abaixo do esperado para uma boa cobertura de dados observacionais.
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