A construção do Porto de Jaconé em Maricá, um debate necessário na Engenharia
A Comissão de Meio Ambiente do Crea-RJ promove essa reflexão, para que a geração futura tenha uma visão do que ...
Uma das características da sociedade humana é o alto grau de interferência que causa sobre o ambiente visando a adaptá-lo às suas necessidades. Muitas dessas interferências causam impactos negativos às populações de outros organismos, tais como as diferentes formas de poluição. A poluição sonora é considerada a terceira poluição ambiental mais perigosa, precedida somente pela poluição do ar e da água.
O ruído produzido pelas atividades antrópicas tem sido responsável por uma série de problemas para o bem estar humano, tais como hipertensão, estresse, perda auditiva e outros.
No entanto, a poluição sonora também afeta de forma significativa o equilíbrio ambiental, sobretudo em grandes construções próximas a áreas preservadas. O ruído causado por veículos, equipamento, trânsito de pessoas e etc interfere na relação presa versus predador, assim como na maneira como os animais se comunicam e acasalam.
Por causa de sua dependência com a comunicação acústica, os pássaros têm sido vistos como especialmente vulneráveis à poluição sonora, principalmente as espécies com vocalização em baixa frequência.
Um exemplo é o pássaro Chapim-real (Parsus major) que em algumas regiões afetadas pela poluição sonora tiveram que aumentar a frequência da sua vocalização, em resposta ao ruído urbano. Nem todos os animais possuem a capacidade de adaptação frente a tais condições, estudos mostram que corujas e morcegos têm dificuldade de encontrar presas em ambientes com excesso de ruído, por isso evitam caçar em áreas barulhentas. Como resultado, temos um maior risco de extinção, já que a poluição sonora corrompe cada vez mais as áreas antes habitáveis.
No Brasil, é preciso ter atenção às seguintes normativas CONAMA 001/90, NBR 10.151:2000 e 2019, NBR 10.152:2017 a ISO 1996:2016, bem como a legislação municipal específica.
Monitoramento
O primeiro passo para o correto gerenciamento da poluição sonora é a construção de uma mapa de ruídos, onde possam serão identificadas as principais fontes de ruído, assim como a sua extensão em relação às áreas do entorno do empreendimento.
A metodologia adotada e regularidade do monitoramento serão definidas pelo órgão licenciador. Via de regra, as medições necessárias são realizadas em atendimento às normas supracitadas e com a utilização de sonômetros com frequência do tipo 1 conforme o item 9 da NBR 10.151:2019
As emissões sonoras encontradas devem ser analisadas em confronto com os limites normativos estabelecidos pelo zoneamento da área e entornos, nos períodos diurno e noturno. A norma NBR 10.151 (2000) estabelece os seguintes níveis máximos de pressão sonora, de acordo com a ocupação de cada local:
Do ponto de vista da engenharia, as principais fontes de poluição sonora são as grandes obras, no entanto, indústrias e comércio também têm a sua relevância nesse cenário.
As obras precisam de equipamentos específicos, como tratores, bate-estacas, caminhões e outros, que são sabidamente grandes geradores de ruídos (em média cerca de 90 dB a sete metros de distância da obra).
Dados coletados em relatórios de grandes obras relacionam os equipamentos com maior potencial gerador de ruídos.
A boa gestão da poluição sonora recomenda que as medidas mitigadoras devem agir prioritariamente na fonte e posteriormente na transmissão.
Atuar na fonte consiste implementar medidas que atenuem a geração de ruídos diretamente na fonte, por exemplo, substituindo as máquinas mais ruidosas por outras menos barulhentas. Pode-se também utilizar motores mais silenciosos para as máquinas, como os hidráulicos e elétricos, que, a uma mesma potência, geram menos ruídos do que os motores pneumáticos e os de explosão, realizar manutenção periódica das máquinas, a lubrificação, aperto de parafusos frouxos e substituição das peças desgastadas também auxiliam nessa diminuição.
A atuação na transmissão pode incluir o uso de isolantes acústicos e controles administrativos, como ajustar os horários de maior geração de ruído com aquele de menor restrição.
Logicamente a melhor abordagem para a solução do problema dependerá de cada situação e deverá ser analisado por um profissional competente.
Ainda em relação às obras, merece destaque a construção/reforma ou manutenção de estradas. As rodovias vêm sendo consideradas um dos empreendimentos de maior impacto para a vida selvagem devido a sua ampla distribuição no globo. O ruído de tráfego de automóveis é conhecido por ter impactos negativos sobre populações de aves em geral, podendo levar à perda da diversidade de espécies e redução da densidade. Estudos realizados na Holanda detectaram um “efeito-estrada” em comunidades de aves ao longo de rodovias, o qual foi apontado como responsável pela redução da densidade dessas populações.
Os principais aspectos envolvidas na poluição sonora presente nas estradas tem relação com o tipo de pavimento, a velocidade média praticada (quanto maior a velocidade média maior o ruído gerado), a composição do fluxo (veículos pesados contribuem mais para a geração de ruídos) e evidentemente o número de veículos que trafegam pela rodovia.
As técnicas de mitigação de ruído em estradas incluem, barreiras acústicas, sinalização apropriada em áreas protegidas e, o mais importante, restrição de tráfego em consonância com o plano de conservação das áreas naturais vizinhas.
A Comissão de Meio Ambiente do Crea-RJ promove essa reflexão, para que a geração futura tenha uma visão do que ...
O descarte inadequado da vinhaça, que é o resíduo gerado pela destilação fracionada do caldo de cana-de-açúcar fermentado para a ...
Em recente evento ocorrido no auditório do Crea-RJ, foi criado o “Prêmio José Chacon de Assis de Engenharia Elétrica”. Fiquei ...
O incremento de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento socioeconômico de um país constitui-se como necessidade atual para o alcance das ...