A pedra fundamental do Hotel Quitandinha foi lançada em 1941 para ser o maior hotel-cassino da América Latina, sendo inaugurado em 1944. Os responsáveis pela bela arquitetura do prédio foi a dupla Luiz Fossati e Alfredo Baeta Neves. O prédio projetado em estilo normando seguia a tendência dos grandes cassinos europeus e foi decorado com inspiração nos cenários hollywoodianos. A inauguração do Hotel Quitandinha foi algo enorme para os padrões da pequena cidade de Petrópolis, que rapidamente virou o centro das atenções do mundo. Tudo foi pensado, haja visto que no entorno do hotel, foram urbanizados quatro milhões de metros quadrados e criada uma rede própria de água e esgoto, de forma a suprir o imenso edifício e suas necessidades de lazer, esportes e entretenimento.

Enquanto perdurou o jogo, num período de dois anos, o Hotel Quitandinha reinou absoluto dentro dos muitos empreendimentos do gênero, mas não houve tempo para que o projeto chegasse ao seu auge, pois, por força do decreto lei 9.215, de 30/04/1946, o presidente Eurico Gaspar Dutra proibiu o jogo no Brasil. Se o jogo tivesse sido proibido uns 20 anos depois, Petrópolis seria completamente diferente do que se conhece hoje.

O Salão Mauá reservado ao cassino impressiona como obra de engenharia por possuir uma cúpula com cerca de 30m de altura e 50m de diâmetro não perdendo nem mesmo para o Pantheon, em Roma, que tem 43,30m de diâmetro ou para a Basílica de São Paulo, em Londres, com 31m. Só perde para a Basílica de São Pedro, no Vaticano, com seus 133,30m de altura, contado do nível da rua até o topo da cruz, com diâmetro interno de 41,50m e o externo 58,90m. Quando ficou pronta e as vigas de sua construção foram retiradas chegou a ter festa por tamanha façanha.

A cúpula foi projetada pelo engenheiro Antonio Alves de Noronha, um dos pioneiros da engenharia civil, calculista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Fundador da Noronha Engenharia S.A, ele também foi o responsável, entre outros projetos, pelo Estádio do Maracanã e pela ponte Rio Niterói, e recebeu muitos prêmios internacionais em reconhecimento a sua carreira reconhecida.

O eco gerado por esta cúpula em seu ponto principal pode fazer com que a voz de uma pessoa seja repetida por várias vezes ,provocando um efeito acústico excepcional. O piso do salão foi confeccionado em lajes pré-moldadas, usando tecnologia alemã. Se hoje esse tipo de laje é considerada moderna, imagine em 1942!

A pintura em azul foi estrategicamente pensada de forma que os jogadores não notassem o passar do tempo, permanecendo por horas fazendo suas apostas no local. Quem visita o espaço sabe a emoção que é estar naquela imensidão de azul.

Além do desenho arquitetônico arrojado, em frente ao Hotel Quitandinha há um belo lago na entrada com espelho d´agua em formato do mapa do Brasil, mas de cabeça para baixo em relação a posição do hotel, sugerindo que o Brasil estaria aos pés do Quitandinha. A Região Sul fica do lado esquerdo do lago, existe um bico indicando a Região Sudeste e na parte direita está a região nordeste onde o farol representa a Ilha de Marajó. O lago foi construído como um único suporte viável no caso de um incêndio inesperado no prédio.

Outra curiosidade do hotel é que a piscina interna térmica tem o formato de um piano de cauda e as pinturas de suas paredes foram inspiradas na obra 20.000 Léguas Submarinas, de Júlio Verne .

O prédio é tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural – INEPAC e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN e se tornou um dos principais e mais visitados cartões postais de Petrópolis, sendo conhecido em todo o país e internacionalmente.