Assistência técnica para habitação de interesse popular na Ocupação Carlos Marighella
Ações empreendidas para atenuar e mitigar as consequências da precariedade da moradia em uma determinada comunidade, que consideram uma abordagem ...
Para compreendermos o efeito da inflação no preço dos alimentos, primeiro temos que entender que atualmente isso se verifica no mundo inteiro e este fato ajuda a impulsionar a inflação de forma global. Contudo, no Brasil, o impacto é pior. Os preços dos alimentos subiram por aqui em função da valorização de muitos deles nos mercados internacionais. E este impacto da alta nas commodities*, produtos que servem como a matéria-prima para fabricação de terceiros, como é o caso do milho, que serve de insumo para o leite e para carne, e são cotadas em dólar.
De acordo com a FGV-RJ, a alta das commodities se privilegia do lucro que o agronegócio pode gerar com a exportação dos produtos, em detrimento do mercado interno do país. Com a valorização no mercado global e o câmbio desfavorável ao Real, os produtores brasileiros tendem a exportar mais, restringindo a oferta doméstica.
E esse aumento das exportações é muito positivo para a balança comercial (vendemos mais ao mercado externo e ganhamos dólares por isso), porém, torna-se um desafio a mais para a inflação, porque desabastece o mercado brasileiro. Quanto mais o Brasil exporta, menor a disponibilidade de produtos internamente e, pela lei da oferta e da procura, os preços acabam subindo.
É uma política que privilegia a exportação sem estabelecer políticas agrícolas que controlem o consumo interno, seja estimulando um aumento da produção ou exportando menos; era o que a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) deveria conseguir fazer neste cenário.
Apesar disso, uma série de fatores internos e externos devem continuar pressionando o valor dos alimentos, mas isso não significa um crescimento das margens de lucro para o agronegócio.
Sabemos que, com a ruptura na cadeia de insumos, há uma alta dependência de importação desses insumos. A tendência é de elevação de custos para o produtor brasileiro. Em maior ou menor grau, a alta é repassada para os outros elos produtivos até chegar aos consumidores finais.
Mas a forte desvalorização do Real é reflexo de fatores externos, como a expectativa de crescimento dos Estados Unidos e de aumento dos juros no país, mas também da forte instabilidade interna que o Brasil atravessa.
Apesar do preço dos combustíveis no Brasil seguir o comportamento dos preços lá fora, a crise internacional dos combustíveis impacta diretamente no aumento da inflação. Todos sabem que o aumento de combustível e do gás impactam na vida dos consumidores de todo o mundo e como efeito cascata os preços de diferentes insumos e serviços estão atrelados ao petróleo.
O preço do barril de petróleo vem em uma sequência de alta forte desde o início deste ano. De um lado, por conta da maior demanda, depois da abertura de muitos países que começaram a vacinar contra a covid. Por outro, por conta da própria dinâmica da Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep).
Ela concentra cerca de 40% da produção global da commodity e, às vezes, segura os estoques para valorizar o barril. Em julho de 2021, a organização comunicou que voltaria a ampliar gradativamente a oferta, dado o crescimento expressivo dos preços neste ano.
Como a cotação é feita na moeda americana, o dólar também tem impacto direto, e o Real segue perdendo valor. Câmbio em época de eleição é sempre um perigo e tem fatores internacionais que estão fora do nosso controle.
Existem outros elementos que se somam à conta, como a falta de chuvas no Brasil, que provocou uma crise hídrica em 2021. Isso se refletiu em uma menor geração de energia hidrelétrica e o aumento dos custos pela eletricidade, o que impacta todos os setores da economia e tais questões climáticas causaram prejuízos para a produção agropecuária. Essas perdas foram responsáveis pelo aumento de 12,54% nos preços dos alimentos no Brasil em 2021.
Para tentar conter os preços, as autoridades monetárias podem até elevar os juros, mas essa ação não conseguirá controlar as perdas, responsáveis pela diminuição da oferta e o aumento dos valores no mercado principalmente dos seguintes insumos: milho, soja, frango, feijão e carne bovina.
Os preços dos alimentos já vinham subindo devido ao rompimento das cadeias produtivas ocorrido na pandemia da covid-19 e, especialmente, em função da crise climática e ambiental, que tem dificultado a produção de alimentos devido às secas, enchentes, erosão e acidificação dos solos e das águas etc. Mas o aumento de fevereiro refletiu o impacto da invasão russa da Ucrânia, embora os efeitos tenham sido mais sentidos nos meses de março e abril de 2022.
Ressalto, contudo, que a crise energética e o aumento desordenado dos preços não é exclusividade dos brasileiros. A retomada econômica provocou uma alta da demanda global por energia e outros insumos industriais. Além disso, a China enfrenta dificuldades particulares para mudar a sua matriz energética, com forte dependência do carvão, cada vez mais indesejado por conta das emissões de carbono.
Segundo o IPC (Índice de Preços ao Consumidor), em três anos, incluindo este, os brasileiros perderam 21% do poder de compra. De acordo com a pesquisa realizada pelo Dieese, a comparação do valor dos principais itens da cesta básica entre fevereiro de 2019 e fevereiro de 2022 mostrou que as maiores altas acumuladas foram nos seguintes itens: óleo (153,45%), café (88,26%), açúcar (78,72%) e a carne bovina (74,98%) .
Essa é a corrosão do poder de compra dos brasileiros, especialmente das famílias de baixa renda, que gastam a maior parte do orçamento com a alimentação. Com essas incertezas, o cenário econômico se agrava, a inflação piora e corrói os ganhos dos brasileiros.
A inflação significa que os consumidores não só têm que pagar mais por unidade de alimento (devido ao aumento do preço nominal), mas também têm proporcionalmente menos dinheiro para gastar com isso, devido ao aumento paralelo dos preços de tudo o mais, exceto de seus salários e outros proventos.
Em março de 2022, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 119 horas e 11 minutos, maior do que o registrado em fevereiro, de 114 horas e 11 minutos. Para se ter uma ideia, em março do ano passado, a jornada necessária foi calculada em 109 horas e 18 minutos. Ou seja, atualmente um trabalhador precisa trabalhar 10 horas a mais para comprar uma mesma cesta de alimentos em relação há um ano.
A alta de preços tem como fatores o contínuo aumento da demanda por alimentos, mudanças climáticas, elevação da cotação do petróleo, além da mercantilização dos alimentos, que tornou produtos como a soja, o milho e o trigo ativos negociados nas bolsas de mercadorias e atrativos para o capital financeiro.
A alternativa diante desse cenário, então, é uma só: usar a criatividade! Um bom caminho é fazer mudanças no cardápio, escolhendo opções mais baratas que mantêm a qualidade da alimentação. E não para por aí… Existem algumas dicas que é possível seguir para minimizar o impacto da alta nos preços e fazer a compra do supermercado pesar menos no bolso.
Arroz, feijão, batata, carne, açúcar, alimentos mais básicos e comuns da alimentação dos brasileiros, estão na lista do Dieese entre os vilões da alta da inflação. A gente sabe que retirar esses alimentos completamente não é uma alternativa que agrada, por isso há a opção de reduzir a quantidade deles e incluir outros alimentos, que compõem o valor nutricional do prato.
A dica de ouro nesse aspecto é ficar de olho nos produtos da safra. Consumir frutas, verduras e legumes da época, além de mais saboroso, ajuda bastante a economizar nas compras.
Quem tem o hábito de ir ao supermercado duas vezes por semana, por achar que isso ajuda a aproveitar as promoções, o tiro pode estar saindo pela culatra. Com esse hábito, corre-se o risco de comprar mais do que se precisa, porque uma simples ida ao supermercado chama a atenção para produtos das gôndolas que nem estavam no seu radar – aquele mito de que “só esse chocolate não vai fazer diferença“.
Ainda nesse contexto, vale reforçar aquela dica antiga de que fazer uma lista de compras antes de ir ao supermercado é fundamental para manter sob controle o que será comprado. E, nesse período de alta de preços, é muito importante, mais do que nunca, que se atenha apenas à lista e não compre nada que está fora dela. Outra boa dica é ir direto aos produtos e não ficar passeando em todos os corredores como a gente tem o hábito de fazer.
Independentemente de qual dessas dicas você vai optar por seguir, é bom ficar ciente de que não há previsão de redução no preço dos produtos – na verdade, a tendência é de crescimento para os próximos meses. Por isso, é mais do que essencial encontrar alternativas para lidar com a alta dos preços e minimizar, por mais difícil que isso pareça, os impactos da inflação no seu bolso.
Economizar, pesquisar preços e gastar de forma consciente são ferramentas essenciais para atravessarmos essa crise! Sigamos otimistas! Até a próxima resenha!
* Commodities: Produtos – é um termo de língua inglesa que, como o seu plural commodities, que significa mercadoria, é utilizado nas transações comerciais de produtos de origem primária nas bolsas de mercadorias.
Referências: Ipea, Conab, IBGE, FGV-RJ, Dieese.
GALLAS, Daniel; A Crise Mundial dos Alimentos. Disponível em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/economia.
GARCEZ, Bruno. Alta dos Alimentos Pode Levar Países à Situação-Limite. Disponível em: http://www.bbc.co.uk/ Washignton/reporterbbc/economia/html
SILVA, J.G. da;TAVARES,L.Segurança alimentar e a alta dos preços dos alimentos: Oportunidades e desafios
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